Alfonso Herrera e María Aura recorrerão juntos dois séculos da história mexicana no filme "Las Paredes Hablan", cujo rodagem começará em uns três meses, baixo a coprodução dos mesmos criadores do norte-americano "La secretária".
O roteiro, escrito por Carmen Boullosa e que será co-produzido por Andrew Fierberg, tem como particularidade ser contado por uma casa que durante todo esse tempo é testemunha dos fatos.
Tudo fica em três datas chaves: 1810, durante a época de Independência; 1910, a luta revolucionária e 2010, a atualidade.
"Os dois personagens principais, que se repetem nas três épocas, ficam atropelados com a história de rivalidade entre duas famílias.
É como um "Romeo & Julieta", conta a autora e colaboradora da seção Kiosko do UNIVERSAL.
Escritora de prestígio, Boullosa (DF, 1954), é uma das figuras mais proeminentes da literatura mexicana.
Entre seus galardões se contam o prêmio Liberatur da cidade de Frankfurt, o Anna Seghers da Academia das Artes de Berlim e, no México, o prestigioso Xavier Villaurrutia, este último pela sua novela "Antes".
"Las Paredes Hablan" foi um projeto criado por iniciativa da escritora e que leva um ano sendo planejado.
A voz da história é uma casa que tem memória.
Se chama Casa Espírito e constroem junto dela a uma casa rival que é feita com mãos de sangue, de repressão, que é muda.
Esta anela ter o que tem a outra.
"Quando vejamos a história veremos que em 1810 quem tem entesourado a arte é uma independentista; em 1910 é um porfirista o que o tem e seu vizinho, um artista, o deseja.
Quando chega uma família revolucionária a casa espírito tem a coleção, mas na ao lado há um senhor muito poderoso que a quer arrebatar", detalha Boullosa.
"Uma grande honra" Alfonso Herrera já teve sua primeira leitura de roteiro e tão logo termine as gravações da telenovela "Camaleones", em meados de janeiro, se somará ao projeto cinematográfico.
"Se me fez uma grande honra que me tomem em conta para um filme como esta. O roteiro é maravilhoso, nunca tinha visto nada similar a como está narrado. Quando me explicaram como ia ser a rodagem disse, [wow], é belíssimo. E isso de percorrer três épocas para um ator é formidável, se fala do que ocorreu antes e de como está a situação agora, na qual economicamente não está do todo bem", assinalou o também cantante.
No que será sua estréia na sétima arte, a escritora Carmen Boullosa contará com a produção de Andrew Fierberg, reconhecido no cinema independente norte-americano por haver feito sucessos como "A secretária", com a estrela Maggie Gyllenhaal e Hamlet com o reconhecido Ethan Hawke.
Esta seria a segunda incursão de Fierberg no cinema mexicano, pois em 2007 coproduziu "Desejo", ópera prima de Antonio Zavala e de próxima estréia, quem agora será responsável de dirigir "Las Paredes Hablan".
"Na história não se verão grandes batallas, mas o que ocorre dentro das casas", comentou Boullosa.
Para ajudar a contar a história se lançará mão de pinturas de gente como José María Velasco e Gerardo Murillo Doctor Atl, precisou.
"Está toda armada com pinturas, é como minhas novelas, que vão da ficção à história e da pintura à realidade.
As imagens que eles fizeram estarão aí e parte de suas vidas, no filme".
"Será uma espécie de história em quadrinhos sério, o que fiz foi seguir suas pinturas e fiz um armado de pinturas do naturalismo, do romanticismo mexicano, vendo paisagens, mas tudo cerca de uma casa", detalhou a autora.
Ana Roth, quem levou a bom porto produções como "Apocalypto", de Mel Gibson, "A legenda do Raposo" com Antonio Banderas e Homem em chamas de Tony Scott, assim como as mexicanas "Vozes inocentes", é a responsável de "Las Paredes Hablan".
O projeto conta com o apoio da Comissão do Bicentenário de à cidade do México e o Conaculta.
Também há investidores privados respaldando a história.
Escritores e cinema Boullosa vem a engrossar a tendência do cinema mexicano de recorrer a escritores de novelas para fazer hífenes, ou tomar sucessos editoriais para levá-los à tela grande.
Guillermo Arriaga, autor de "Amores cachorros", levou ao cinema seu "Búfalo da noite" com Diego Luna, mesmo que sem muita resposta em escaninho.
"Arráncame a vida", de Ángeles Mastretta, que foi vista por mais de 2 milhões de espectadores e que já foi vendida a vários países do orbe, incluídos o Japão e a Espanha.
Também se pode mencionar a Laura Santullo e seu conto "A zona", que se transformou em longa-metragem sob a direção de seu esposo Rodrigo Plá e Enrique Berruga, quem viu a sua novela "Propriedade alheia" ser interpretada por Ludwika Paleta e Plutarco Haza.
Anteriormente se fizeram, entre outras, "Assassino a sério", de Javier Valdez, e "O coronel não tem quem lhe escreva", de Gabriel García Márquez.
No México, a adaptadora número um é Paz Alicia García Diego, quem fez o próprio com o escritor egípcio Naguib Mahfouz em "Princípio e fim", e o dominicano Pedro Antonio Valdez para "O carnaval de Sodoma".
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